terça-feira, 15 de abril de 2008

Fórum Aquecendo a Consciência Ambiental


Você pergunta e os especialistas respondem


Percebe-se, na região da Lagoa do Peixe, a diminuição das águas superficiais. Pode ser devido ao plantio de Pinus na região de Favares? Qual a influência ou como essa diminuição pode estar afetando aságuas subterrâneas?


R:O plantio do Pinus isoladamente não tem condições de fazer diminuir significativamente o volume das águas superficiais. Esta diminuição está muito mais ligada à baixa pluviosidade que tem ocorrido não só nesta região, como em grande porção de nosso estado.


As águas subterrâneas, se adequadamente exploradas na região, muito pouca influência sofrerão dos fatores que já rebaixam o nível das águas superficiais. A longo prazo, caso permaneça a baixa pluviosidade, poderia haver leve diminuição no volume disponível de águas aproveitáveis, de boa qualidade, podendo em certas regiões haver um aumento gradativo no teor de sais das águas subterrâneas, mas isto tem que ser analisado caso a caso pois em alguns lugares pode haver maior ou menor influência de fatores localizados não detectáveis numa análise geral como esta além do que este período de estiagem teria que ser de vários anos seguidos.


Do que adianta todo o processo de controle da água, se a maioria dos encanamentos (no caso de Rio Grande) são feitos de ferro, sabendo que este sofre processos oxidantes nessas tubulações?


R: É claro que a natureza do material do qual são feitas as tubulações e as características físico-químicas das águas de sub-superfície e do solo influem na durabilidade dos encanamentos. Atualmente estamos utilizando tubulações de materiais mais resistentes à corrosão e lentamente as tubulações antigas de ferro estão sendo substituídas.


Jorge Furtado - Geólogo


Como resgatar concepção de natureza-homem através da filosofia? É possível? De que forma se torna uma realidade?


R: A geografia trabalha muito com isso. Artigos e livros do prof. Milton Santos são bons exemplos. Assistam seu filme que é muito elucidativo. ENVOLVE ASPECTOS DO "PONTO DE VISTA MORAL E ÉTICO"DA GLOBALIZAÇÃO... E PARA QUEM?? QUEM GANHA, QUEM PERDE. QUEM VIOLENTA AS TERRITORIALIDADES E AS SOCIEDADES (e naturalmente o Ambiente, integrado nesta relação) E QUEM PERDE COM ISSO... A ÁGUA COMO COMODITIES, por exemplo??? É uma aberração... É PRECISO PENSAR NUMA RELAÇÃO MAIS HARMONIOSA ENTRE HOMEM E A NATUREZA. TEMOS DE REVER ESSES PARADIGMAS, E PLANTAR NOVAS PRÁTICAS. TAREFA ÁRDUA. PRECISAMOS PLANTAR TAIS ÓTICAS NAS NOVAS GERAÇÕES.

Nelson Gruber-Diretor do Centro de Estudos
de Geologia Costeira e Oceânica - CECO/UFRGS


Qual (ou quais) o principal composto produzido pelo homem, responsável pela mudança climática? E qual a fonte?


R: CO2 pela queima de combustíveis fósseis, petróleo, carvão e queima de vegetação nas queimadas.
Jorge Furtado


O que está sendo feito para que os ursos polares e outros animais que vivem nos pólos não sofram com as mudanças climáticas, com o derretimento das calotas polares e, consequentemente, entrem para a lista de animais em extinção? É possível reverter a situação atual para que possamos salvá-los? Como?


R: Os ursos polares estão em um ambiente muito sensível às mudanças climáticas e de concreto muito pouco podemos fazer no curto prazo para evitar estas alterações ambientais que estão começando a atingi-los. Podemos demarcar regiões onde eles sejam protegidos porém a forma de vida que eles tem tido nos últimos milhares de anos está comprometida irremediavelmente.


Jorge Furtado


Estamos dentro de uma instituição de nível superior e coma acadêmicos das mais diversas áreas, preocupados coma questão ambiental. Nesse sentido, gostaria de ouvir dos professores no que nós, estudantes, podemos contribuir, já que, conscientes dos problemas, estamos. Parabéns pela iniciativa e retornem sempre que possível.


R: AGRADECEMOS. Devemos trabalhar duramente numa mudança de mentalidade quanto ao ambiente e na relação homem-natureza, visando novas formas de produção do espaço com sustentabilidade. Cada um de nós tem de fazer sua parte.


Temos responsabilidade no processo e em sua difusão. Desde o manejo dos nossos resíduos sólidos produzidos até discussão de politicas e leis que busquem um novo patamar de equilíbrio sócio-ambiental, com tecnologias limpas e respeito ao ambiente.


Nelson Gruber


Qual o parecer de vocês em relação aos fenômenos ocorridos recentemente no Litoral de Santa Catarina? Há relação com o aquecimento global e elevação do nível do mar?


R: Com o Aquecimento Global, os desequilíbrios e anomalias começarão a ser mais freqüêntes. Respostas de El Niño e La Niña nos atgentes meteorológicos e climáticos apresentam quadros de contrastes mas extremados. Temos de nos adaptar e estarmos preparados para esta exacerbação dos agentes meteorológicos.


SIM O BALANÇO DE MASSA - GELO /ÁGUA SE COMPLEMENTA. O DERRETIMENTO DAS CALOTAS DURANTE UM PERÍODO INTER-GLACIAL (de Efeito Estufa - como hoje) PROMOVE UM APORTE DE ÁGUA NOS OCEANOS INCREMENTANDO SEU NÍVEL.
Durante os períodos GLACIAIS, o que ocorre é o contrário. A acumulação de gelo e neve nos pólos, sobretudo na ANTÁRCTICA (que é um continente de 14 milhões de km2 com manto de gelo de quase 5 km de espessura (!!) ) e as geleiras contnentais e de montanhas PROMOVE UM REBAIXAMENTO DO NIVEL RELATIVO DO MAR (NRM). Há 18 mil anos atrás, nos encontrávamos com nível de -120/-130 m ABAIXO DO NÍVEL ATUAL na costa do RS.
Este intervalo até o presente, em tempo geológico, é um lapso apenas.


Nelson Gruber


Tendo em vista um grande número de fumantes, a fumaça que o cigarro libera pode contribuir para o aquecimento global? De que forma?


R:O volume de CO2 gerado pelos cigarros é muito baixo em comparação aos outros fatores que geram CO2. Não gosto do cigarro mas o seu maior problema é de saúde pública diretamente ligado aos fumantes e fumantes passivos e não pela sua influência sobre a atmosfera como um todo.


Jorge Furtado

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Aquecendo a consciência...
Alunos, professores, especialistas e a comunidade de Rio Grande unidos pelo meio ambiente


Foto: Gabinete Paulo Borges/divulgação


A Fundação Universidade do Rio Grande do Sul (Furg) foi a sede para discussões e debates sobre Educação Ambiental. O "III Fórum Aquecendo a Consciência Ambiental" levou mais de 300 pessoas ao Anfiteatro do Campus Cidade da Furg durante toda a última sexta-feira, 4 de abril, e reuniu especialistas na área ambiental em seminários e palestras divididas em quatro painéis.

O fórum teve como tema principal o aquecimento global e abordou causas e conseqüências do problema e buscou conscientizar os participantes a prevenir e minimizar o problema. O evento teve início por volta das 10h30min. O primeiro painel reuniu os professores do departamento de Geociências da Furg, Carlos Tagliane e Nísia Krushe, e o professor do Centro de Estudos Costeiros (Ceco) da Ufrgs, Nelson Grueber, que falaram sobre o "Aquecimento Global e seus efeitos na metade sul do RS". Em seguida o professor do Departamento de Física Da Furg, Maurício Mata; a professora de Oceanografia , Mônica Muelbert, e os membros da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Suzana Martins e Luiza Chomenko estiveram à frente do painel "Aquecimento Global e seus efeitos na Antártida". O terceiro painel aconteceu à tarde reunindo o representante da Corsan, Jorge Furtado, e o professor da Furg, Jorge Alberto Costa. Por fim, o diretor do Museu Oceanográfico, Lauro Barcellos, e o representante da Ong Força Verde, Lélio Falcão, ministraram o último painel "Aquecimento Global: políticas públicas e impactos econômicos e sociais".


Foto: Gabinete Paulo Borges/divulgação

Grueber, professor do Ceco, falou da importância de especialistas saírem da área acadêmica para transmitir miúdos a questão do aquecimento global, de forma abrangente e trazendo para uma realidade regional e local. "É preciso urgente a mudança da mentalidade e educação das pessoas, a realização de um novo modelo e planejamento de ocupação das áreas urbanas e costeiras. Principalmente em Rio Grande, que vive uma fase de desenvolvimento e expansão", argumentou.

O deputado estadual Paulo Borges (Dem), idealizador do fórum, afirmou que esse terceiro fórum em Rio Grande marca mais um avanço da iniciativa, contando com a participação dos estudantes. "É fundamental a participação e o interesse desses alunos. É importante criar essa consciência desde cedo, além de que eles serão nossos palestrantes futuros", explica.

Conforme ele, apesar do foco ser o aquecimento global e suas interferências , os especialistas conseguem transmitir ainda uma outra noção de evolução natural e de conscientização ambiental. "A cada novo fórum agregamos mais profissionais e temos estudos , até então engavetados para a sociedade", afirma.

O deputado ressaltou ainda que o aquecimento global hoje é um problema debatido no mundo inteiro, e o Brasil ainda não acordou para essa realidade. Por isso, a importância de conscientizar as pessoas de forma que possam colaborar para a sustentabilidade ambiental das suas comunidades e consequentemente do planeta. "É necessário prevenir esse problema para que ele não chegue a uma escala ainda maior", afirma.

O "Fórum Aquecendo a Consciência Ambiental" foi criado pelo deputado Paulo Borges com o objetivo de levar o debate ambiental às várias regiões do Estado e buscando a conscientização dos gaúchos. O primeiro evento aconteceu em março de 2007, em Porto Alegre, na Fundação Zoobotânica do RS, e buscou inicialmente formatar o evento. O segundo fórum foi realizado em Imbé, no Litoral Norte, e já conseguiu levar a sociedade às palestras. A idéia é que até o fim deste ano o fórum chegue às demais regiões do Estado.
Jornal Agora/ Rio Grande/ 5 e 6 de abril