quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

CLIMA

Oceanos sobem meio centímetro em cinco anos

Derretimento de gelo perto dos pólos provocou a elevação dos mares

Mais de dois trilhões de toneladas. O número difícil até mesmo de conceber representa a quantidade de gelo que se derreteu desde 2003 em terras da Groenlândia, do Alasca e da Antártica.

Os dados, que devem ser divulgados oficialmente amanhã, foram registrados pela Nasa, agência espacial norte-americana, e é o indício mais recente do processo de aquecimento global. O fenômeno provocou um aumento de meio centímetro no nível dos oceanos nos últimos cinco anos.

Conforme as medições de peso de gelo feitas pelo satélite Grace, mais da metade das perdas nos últimos cinco anos esteve concentrada na Groenlândia. Segundo o geofísico da Nasa Scott Luthcke, que apresentou as informações, o processo de derretimento parece estar se acelerando.

Os dados foram menos preocupantes no Alasca. Depois de uma significativa redução do gelo terrestre em 2005, houve alguma expansão neste ano, principalmente por causa de fortes nevascas. Desde 2003, quando o satélite da Nasa começou a fazer as medições, o Alasca perdeu 400 bilhões de toneladas de gelo. Os cientistas da agência apresentarão seus achados na conferência da União Norte-Americana de Geofísica, em São Francisco.

Diferentemente do que ocorre com o gelo marítimo, o derretimento do gelo terrestre, objeto das medições, aumenta pouco o nível do mar. Mesmo assim, o derretimento descomunal flagrado pelo satélite teve um impacto significativo.

A Groenlândia tem contribuído com um aumento anual de meio milímetro no nível do oceano, segundo o cientista da Nasa Jay Zwally. Somando os derretimentos na Groenlândia, no Alasca e na Antártica, chegou-se a um aumento de meio centímetro nos mares de todo o mundo desde 2003.

Outros estudos reforçam a preocupação com o aquecimento global lançada pela Nasa. Os gelos marítimos, por exemplo, também estão fazendo água. Ontem, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) informou que a extensão de gelo marinho no Ártico atingiu o segundo nível mais baixo da História – mais uma confirmação da tendência de aquecimento do planeta.

O tamanho da camada foi de 4,67 milhões de quilômetros quadrados no verão, em comparação ao recorde anterior de 4,3 milhões, registrado no mesmo período de 2007. Neste ano, pela primeira vez na História, os navios conseguiram passar do Atlântico para o Pacífico simultaneamente pelo norte da Sibéria e do Canadá.

– É uma situação totalmente excepcional e preocupante – disse o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud.

O relatório anual da OMM diz também que em 2008 aconteceu o “espetacular desaparecimento” de quase um quarto das plataformas maciças de gelo da ilha de Ellesmere, no Ártico canadense. A camada de gelo, de uma espessura de 70 metros, que no século 20 cobria uma superfície de 9 mil quilômetros quadrados, ficou reduzida a apenas mil quilômetros quadrados.

Fonte: Zero Hora (17 de dezembro de 2008)